Na sua 21ª viagem apostólica à Alemanha. O Papa Bento XVI encontrou-se, em Berlim, com os representantes das comunidades muçulmanas. A seguir, o Santo Padre prosseguiu para Erfurt onde se reuniu com os representantes do Conselho da Igreja Evangélica Alemã, no ex-Convento Agostiniano.
Em seu discurso, o Papa destacou o significado desse encontro que se realizou no lugar em que Martinho Lutero estudou e foi ordenado sacerdote na Ordem de Santo Agostinho, em 1507.
Para Lutero, "a Teologia não era mera questão acadêmica, mas era a luta interior consigo mesmo que, no final, era uma luta a propósito de Deus e com Deus" – ressaltou o Pontífice.
Falando sobre o contraste com o clima cultural contemporâneo, o Santo Padre sublinhou: "Hoje a maioria das pessoas, mesmo cristãs, dá por suposto que Deus, em última análise, não se interessa por nossos pecados e por nossas virtudes. Ele bem sabe que todos nós não passamos de carne. Se hoje se acredita ainda num além e num juízo de Deus, praticamente quase todos pressupõem que Deus terá de ser generoso e na sua misericórdia ignorar as nossas pequenas faltas."
O Papa fez uma série de perguntas em relação aos problemas que afligem o mundo: "porventura não está o mundo sendo devastado pela corrupção dos grandes, mas também dos pequenos, que pensam apenas na própria vantagem? Porventura não está o mundo sendo devastado por causa do poder da droga e ameaçado por uma crescente predisposição à violência? Poderiam a fome e a pobreza devastar inteiras regiões do mundo, se estivesse mais vivo em nós o amor a Deus e ao amor ao próximo"?
Em relação ao ecumenismo o Pontífice frisou: "A coisa mais necessária para o ecumenismo é primariamente que, sob a pressão da secularização, não percamos, quase sem dar por isso, as grandes coisas que temos em comum, que por si mesmas nos tornam cristãos e que nos ficaram como dom e tarefa."
"A fé deve ser repensada e vivida hoje de modo novo, para se tornar uma realidade que pertença ao presente. Essa é tarefa central do ecumenismo. Nisto devemos nos ajudar mutuamente: a crer de modo mais profundo e vivo. Não serão as tácticas a salvar-nos, a salvar o cristianismo, mas uma fé repensada e vivida de modo novo, através da qual Cristo, e com Ele o Deus vivo, entre neste nosso mundo" – sublinhou ainda o Papa.
"Assim como os mártires do período nazista nos aproximaram uns dos outros e suscitaram a primeira grande abertura ecumênica, assim também hoje a fé, vivida a partir do íntimo de nós mesmos, num mundo secularizado, é a força ecumênica mais poderosa que nos reúne, guiando-nos para a unidade no único Senhor" – concluiu o Santo Padre.
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